sábado, 3 de novembro de 2018

Maria Guinot - Desaparece um ícone da minha infância!


Maria Guinot - Silêncio e Tanta Gente.



Tinha os meus nove ou dez anos de idade, tudo depende se o festival se realizou antes ou após o dia nove de Setembro, quando Maria Guinot me fez acordar pelas primeiras vezes para o profundo e delicioso mundo da poesia. Já tinha na escola primária passado umas quantas vagas vistas de olhos pelas poesias de uns fulanos com nomes esquisitos como Bocage, Camões ou Pessoa e Ary dos Santos, mas, foi com este poema magistral que no ido ano de 1984 nos representou como país no então Festival Eurovisão da Canção, que despertei para a poesia!

Enquanto eu e a minha irmã, sentados na gigante e vetusta mesa de madeira da varanda por onde passaram centenas de cotovelos de membros das várias gerações da família, realizávamos as tarefas que trazíamos da escola, lembro-me perfeitamente como se hoje fosse (saudade), a minha mãe com os seus longos cabelos castanhos passando a roupa a ferro ouvindo no velhinho rádio SANYO esta composição, quando a rádio a passava, toda ela da autoria de Maria Guinot e trauteava este mesmo tema cuja letra e palavras me incutiam uma confusão tremenda e me despertavam curiosidade: como seria possível alguém ser um sim alegre ou um triste não! Como saber se o amor estava no olhar, e o que era o amor? A curiosidade em descobrir respostas para as mais variadas questões restou até hoje...

Acordei aí (sem o saber) para a metáfora, até que uma vizinha mais expedita nas matérias da poesia, a "Méninha", me fez entender este e outros poemas e o tremendo significado da palavra metáfora!

Como hoje em dia ainda venero Maria Guinot!

Trinta e quatro anos passados de todas estas descobertas, todo este aprender, venho a saber pelos blocos informativos que Maria Guinot faleceu, afastada dos palcos e da ribalta das luzes, um daqueles raríssimos seres que mais que muitos outros seres que por aí pululam deveria estar sempre e sempre nos píncaros da mesma ribalta e das luzes da cultura nacional!

Resta-me fazer-lhe justiça, a justiça que muitos lhe negaram, partilhar este tema musical e este poema magnífico, entoado na sua voz potente e única, deixando-lhe aqui escrito um profundo e reconhecido:


Obrigado por tudo Maria Guinot!



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