sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Para si, Maria José...

As palavras foram explicadas
o sentido da frase compreendido
e entre mais palavras trocadas
se entendeu, o que mal se havia entendido!

Não haverá forma de acarinhar
quem sentidamente se desculpou,
o autor do blogue também se vem desculpar
pelas palavras que erradamente interpretou.

Como forma de compensar
quem por ele estima sente
estas palavras aqui vem deixar
sentidas verdadeiramente.

Esperando se mantenha em pé
esta recente, mas simpática amizade,
para si Maria José
ficam palavras recheadas de sinceridade!


(do autor Sérgio Moreira)


(DES)ENCANTADO MUNDO BRANCO - A VIAGEM 5.ª e última parte.

Continuação...
 
Quem chega a Puebla de Sanabria vindo de norte, sul, este e oeste, ou seja, de qualquer ponto cardeal, logo ali se apercebe da tremenda beleza que emana daquelas construções graníticas e principalmente aos olhos do viajante não passará incólume o simples facto da zona histórica desta vila estar tão estratégicamente situada, num alto de um magnífico promontório, onde não menos magníficos se erguem as torres do castelo mandado erigir pelos conde de Benavente juntamente com o grandioso campanário da igreja de Santa Maria del Azougue.
 
O autor do blogue confessa-se apaixonado sempre que humanos olhos como os seus se deparam perante tal beleza; ali em Sanabria vários foram os pontos que se uniram e resultaram numa das mais belas vilas da Península Ibérica! Uma estranha conjugação de factores que resultou num belíssimo cenário, digno de ser pintado e cantado por pintores e poetas, tal a sua beleza!


O viajante cedo se apercebe, ali chegado, que aquele promontório mais parece ter sido encomendado ao deuses, feito à medida para que Sanabria lhe fosse colocada em cima. Para o olhar do autor do blogue, calcorrear as ruelas pintadas de um acaramelado tom das moradias que por ali se erguem, contrastando com a negridão de milhares de telhados de xisto e absorver a atmosfera que emana do centro destas vetustas artérias, mais parece levar o viajante a recuar séculos no tempo, mais a mais quando se chega à plaza maior e ao seu imponente castelo, e por momentos, sentir-se em época de belas donzelas vendo à janela passar imponentes cavaleiros, montados em não menos imponentes e magníficos corcéis! Puebla de Sanabria é uma das mais bem conservadas vilas medievais de Espanha, juntamente com Ávila, mesmo que o progresso e desenvolvimento a tenham feito aumentar fora de portas, ou seja, para lá do promontório, nota-se algum cuidado para que o seu casco urbano não perdesse a traça que mantém a zona histórica, e ambas se complementem. Positivo.


Este grande grupo de lanhesenses calcorreou as suas agradáveis artérias, visitou os locais de significativo interesse e recomendados pelo autor do blogue, nomeadamente e como acima referido, o centro histórico, a plaza maior onde está localizada a igreja de Santa Maria del Azougue, o castelo mandado construir pelos condes de Benavente e o museu do gigantone, não fosse este grupo oriundo de terras ricas nesta tradição quando em festas e romarias, saem à rua rodopiando sem cessar, estes bonecos gigantes, ao som da música saída do troar dos bombos, tocados pelos Zés P´reiras. Entre voltas e mais voltinhas, visitas e visitinhas, muitos foram os que aproveitaram também para comprar produtos tradicionais no comércio local que mantinha as portas abertas de par em par.

Caso para se afirmar que em Sanabria, Portugal conquistou Espanha!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Igreja românica de Santa Maria del Azougue. Século XII.
 
 
 
 
 
 
Felicidade...entre muralhas de bel prazer!
 
 
Impecávelmente preservado...
 
 
 
 Sempre juntos! A ela, o autor do blogue deve um pedido de perdão, um pedido pelo tempo que o blogue lhe rouba da sua companhia... 
 
 
 
Panorâmica de sonho...
 
 
 
Caros amigos, agradecido por merecer a vossa grande amizade...
 
 
TEMPO DE INICIAR A DESCIDA...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pormenor delicioso...
 
 
 
 
 
 
Despedida ao Encantado Mundo Branco.
 
 
 
Era chegada a hora de partir e o colosso aguardava que os participantes embarcassem com destino a casa. Depois de todos estarem instalados, compras feitas e devidamente acondicionadas, o colosso atirou-se à estrada e aqui se verificaram pela primeira vez, em alguns, os primeiros sinais de cansaço!
 
 
 
 
 
A viagem de regresso fez-se sobre o denso tom negro da noite e entre cantigas de alegria, anedotas à desgarrada entre os amigos Fernando Cunha e Zeca, assim como muitos discursos de agradecimento e elogio pelo passeio orquestrado e realizado, dirigidos ao autor do blogue, segui-se da parte deste a tradicional entrega de lembranças a cada casal ou solteiro, participante neste evento, como costuma ser usual nos passeios do SSVSA.
 
Então o autor do blogue aproveitou para sentado no seu lugar, se concentrar nos quilómetros de estrada que em frente ao olhar se iam sucedendo, num regresso que normalmente, como todos os regressos, vendo o que já foi visto ou não vendo nada, porque o negro da noite não o permite, se pauta pelo cansaço e pôde, então reflectir este Encantado Mundo Branco.
 
 
 
Um agradecimento especial ao Sr. Pedro Silva, que levou o colosso a bom porto, sempre com um sorriso nos lábios, mesmo sabendo que este não foi um dos seus melhores dias!
 
 
 
 
 
 
Este passeio temático era exigente em termos de dispêndio de tempo a bordo de um autocarro, com cerca de seiscentos quilómetros percorridos num dia, e logo à partida ficou condicionado pela avaria do autocarro de um só piso, bem perto de casa ainda, e que foi substituído pelo colosso! Logo ali se perdeu uma das grandes condicionantes que o autor do blogue exige para a realização dos passeios temáticos que organiza, cumplicidade! A cumplicidade entre todos os elementos do grupo perdeu-se totalmente, ao serem divididos por um autocarro de dois pisos, avarias mecânicas acontecem, é certo, mas este colosso, está longe de ser um veículo que se coadune perfeitamente para a realização de um passeio desta natureza, está antes apto a passeios para miúdos que querem é borga e o resto é paisagem, para viagens de adultos como esta, em que cada participante gosta de desfrutar dessa mesma paisagem por onde vai passando, confortávelmente instalado no seu lugar, ouvindo perfeitamente as explicações ao microfone do guia que tudo vai explicando, este colosso revelou-se totalmente inapto para tal; colunas de som que não funcionavam devidamente, monitores de vídeo que falhavam, muito condensado no ar que o ar condicionado não conseguia dissipar, mostraram que este autocarro não serve estes eventos e aqui a Ovnitur falhou redondamente e por consequência indirecta, falhou também, quem aqui escreve estas linhas. Com a substituição do autocarro por outro, perdeu-se tempo precioso, e como nestas viagens o autor do blogue tem tudo cronometrado ao minuto, quase ao segundo, lamentavelmente não foi possível cumprir com o programa na sua totalidade; com muita pena sua, o museu ferroviário de Arco de Baúlhe exemplar de suma importância da história ferroviária de Portugal teve de ser ignorado e foi com tristeza no olhar, ao deixar para trás as placas que indicavam o desvio para esta localidade, que o autor do blogue sentiu desagrado profundo por este ponto de visita no programa ter de ficar por visitar; eram muitos ainda os quilómetros a percorrer e tempo não havia a perder! O tema desta viagem era o encantado mundo branco e neve, foi vista somente nos picos mais elevados, ninguém a sentiu por baixo dos pés, com tremenda pena do autor do blogue e como afirmou o Sr. Fernando, o "Encantado Mundo Branco", tornou-se antes no "Encantado Mundo Matizado"; para o final uma pequena peripécia com o colosso, quase deita tudo a perder e resultando num atraso de mais de uma hora, muito tarde chegaram a Lanheses, estes cansados participantes, que estiveram sempre e sempre à altura dos desafios lançados pelo autor do blogue.
 
Podia este "Encantado Mundo Branco" ter sido excelente, mas o grau de exigência a que a si mesmo se exige e obriga, leva o autor do blogue (perante alguns factores ocorridos) a considerá-lo apenas satisfatório e deixar a todos os participantes, pela última vez, um profundo lamento por algo que não lhes tenha agradado! Talvez por isto, os tópicos referentes ao passeio, todos eles fossem escritos como (DES)Encantado Mundo Branco...
 
A todos os participantes, pela excepcionalidade de comportamento, os mais sentidos parabéns da parte do autor do blogue!
 
 
No entanto, levantar a cabeça é preciso, persistência também, preparar ao pormenor nova viagem e por isso aqui fica a frase que caracteriza estas inciativas levadas a bom porto pelo SSVSA:
 
 
A viagem não termina nunca, só o homem termina, e enquanto o homem sonhar a viagem não vai terminar!
 
 
 
 
 
Até já...
 
Sérgio Moreira
 
 
 

(DES)ENCANTADO MUNDO BRANCO - A VIAGEM - 4.ª Parte.

Continuação...

Deixando o grande lago para trás o colosso avançou pela estrada por entre fragas e encostas de montanha, num trajecto curto entre o já mencionado lago e a aldeia de Ribadelago. Pensará por ventura o leitor - Que raio levará alguém a conduzir uma excursão a uma pequena aldeia perdida nas montanhas de Zamora? É simples, primeiro pela proximidade ao grande Lago de Sanabria, apenas quatro quilómetros os separam, em segundo e talvez o mais primordial dos motivos; nesta pequena aldeia, perdida nas fraldas das agrestes serranias zamoranas, ocorreu  uma das maiores tragédias de toda a história civil de Espanha e o autor do blogue desde o primeiro momento que tomou contacto com o sofrimento pelo qual passou a gente que há época ali habitava, sentiu-se invadido por um clamor que pedia ternura e justiça para tão simplórios homens e mulheres do interior. Foi quase como um amor à primeira vista, isto se é que se pode falar de amor, não andam os amores muitas e variadas vezes de mãos dadas com a tragédia? A história triste e colossalmente dolorosa  que aquelas gentes viveram na noite de 9 de Janeiro de 1959, logo ali no primeiro contacto, fez com que o autor do blogue pelo pequeno povoado e seu povo simples, se apaixonasse perdidamente...
 
Como não incluí-la no trajecto do encantado mundo branco! Impossível ignorar o que de todo possa ser ignorável!
 
Para tal entendê-la, terá o leitor de retroceder cinquenta e cinco anos no tempo e colocar os ponteiros do relógio precisamente às 00.20h da madrugada! Primeiro motivo para a tragédia, o Inverno nesse ano estava a pautar-se por uma rigorosidade extrema, queda de chuva forte e abundante por dias e dias repetidamente, o que fez aumentar significativamente o caudal de rios como o Tera, que nasce junto ao pico Peña Trevinca, o ponto mais alto da Sierra de La Cabrera, a quase 2200m de altitude e que descendo a serra por entre enormes desfiladeiros passa por Ribadelago, serve o Lago de Sanabria e quase 140km depois da nascente, desagua no rio Esla, afluente do Douro. O segundo motivo, prende-se com o simples facto de em pleno regime franquista, semelhante à ditadura que se vivia em Portugal, para que meia dúzia de barões do restrito circulo de amigos de Franco, à custa da construção de aproveitamentos hidroeléctricos, ganhassem fortunas colossais, uma barragem oito quilómetros a montante da aldeia de Ribadelago foi construída para que se fizesse retenção de águas e a baptizaram com o pomposo nome de Presa de Tera. À semelhança dos tempos de agora, o que importava era ganhar dinheiro, muito dinheiro e a barragem foi construída em tempo recorde, publicidade enganosa mas solene para o regime, com materiais de qualidade muito duvidosa! Por volta da meia noite e vinte minutos um ruído ensurdecedor ouvia-se oito quilómetros abaixo da barragem na aldeia de Ribadelago, um som, como contam ainda os já poucos sobreviventes (os anos vão passando) nunca antes ouvido por aquelas paragens...Oito quilómetros acima o impensável tinha acontecido! Cedendo à força e peso das águas que o muro da barragem prendia pelo excesso de queda de chuva, há dias que chovia copiosamente, meio muro da mesma cedeu e desmoronou-se libertando anarquicamente cerca de oito milhões de m3 de água, que por onde passaram tudo arrasaram! Oito quilómetros abaixo o ruído era cada vez mais audível e os habitantes de Ribadelago, sem que o soubessem, iam receber uma visita dantesca! Rapidamente, em apenas vinte minutos, a maré de pedras, lamas, árvores e tudo o que se lhe deparou pela frente, percorrendo os cerca de oito quilómetros de desfiladeiro a que ali dão o nome de Cañon de Tera, muito semelhante ao que podemos ver, embora em ponto muito menor, nas quedas de água de São Lourenço,  atingia o pequeno povoado, arrasando casas, gentes e animais e tudo o que estava no seu encalço! A onda que atingiu a aldeia segundo os relatos de outrora mediria cerca de nove metros de altura! Imagine agora o leitor, a aflição daquelas gentes, de noite, sem luz eléctrica que os servissem para ver melhor, fugirem nem sabendo bem do quê, muito menos para onde...Trágico!?! Como não sentir a dor destas gentes que num ápice perderam tudo, principalmente os seus familiares! Quantas mães choraram os seus filhos, quantos filhos choraram suas mães, quantos maridos choraram suas esposas e quantas esposas choraram os seus maridos! Quantos gritos e urros de horror os picos da Sierra de La Cabrera escutaram naquela fatídica noite! Quantos!?!
Tudo ficou arrasado por uma enorme torrente de água e lama vindas da barragem do Tera.
A tragédia estava consumada...
Hoje em dia, cinquenta e cinco anos depois a barragem continua no mesmo local, estática e imponente, com meio muro ao alto e outro meio completamente desaparecido...para que a memória pela dantesca situação pela qual passou este nobre povo nunca se esqueça, nunca morra!
 
Só por isto, Ribadelago, entenderá agora o leitor, merece visita! Óbvio que o regime tudo tentou camuflar, alguns engenheiros foram culpados pelo tribunal mas nunca cumpriram a pena, os donos e mentores da obra, a coberto da empresa MONCABRIL, nunca foram chamados à justiça e a culpa acabou por morrer solteira, tal como se diz em Portugal! Como compensação, Franco, um eterno iluminado, pensando que reconfortaria quem reconfortado não estava e muito menos veio a estar, decidiu que se construísse uma aldeia nova, e numa encosta de montanha um pouco a sul de Ribadelago (hoje em dia) Viejo, onde nem os raios solares a alcançam, veja-se o modo como se tratavam as pessoas, que para as elites de então não eram nada mais que ignorantes que habitavam no profundo da serra, se edificou Ribadelago Nuevo, dominada por construções de traça moderna, todas iguais, a simetria por vezes é terrível, talvez seguindo a máxima comunista - igual para todos - e assim se evitassem invejas posteriores, o que seria de estranhar num regime ditatorial de direita como aquele a que Franco presidia e que, moral da história, tal como a aldeia nova, nunca agradou aos habitantes de RIBADELAGO.
 
Por cada familiar perdido, as famílias enlutadas receberam as seguintes e irrisórias indemnizações: por cada homem 95000pesetas, por cada mulher 75000pesetas e por cada criança 25000pesetas
 
Pasme o leitor perante tal alarvidade...!
 
Dos 540 habitantes 144 morreram e destes só 28 corpos foram resgatados...os outros, perderam-se para sempre no fundo do Lago de Sanabria!!!
 
 
Quem chega à aldeia e atravessa a ponte de acesso à mesma sobre o Tera, tem logo ali uma recepção impressionante. Uma estátua, simbolizando uma mulher segurando uma criança no colo, trajando conforme os costumes da época e estilizando uma fotografia que há cinquenta e cinco anos atrás foi uma das fotografias que correu mundo e mais vista foi, símbolo da enorme tragédia vivida em Espanha, (Franco não conseguiu levar a cabo o seu intento de abafar o caso e até ajuda humanitária a nível mundial a estas paragens chegou dos quatro cantos do mundo), ergue-se para receber todo e qualquer forasteiro que venha até Ribadelago Viejo e conheça a calamitosa realidade que ali se viveu! Outra imagem famosa na altura foi a de um homem cego, que cegou durante os duros trabalhos de construção da barragem, com o rosto toldado pela dor, segurando uma criança pela mão e (sabe-o o autor do blogue) clamando incessantemente pela esposa, que se deixou levar pelas águas vindas da barragem, de modo a que pelo menos aquele filho se salvasse, os outros morreriam com ela!
 
 
 
 
 
 
 
Igreja destruída! A fachada que se vê foi trasladada para a nova aldeia de Ribadelago Nuevo.
 
 
Imagem do muro da barragem semi destruído, oito quilómetros a montante de Ribadelago Viejo.
 

 
Já na aldeia o numeroso grupo de lanhesenses deteve-se junto à estátua da sofrida mulher e aliou-se em sentimento, na tremenda dor pela qual passou este povo de gente simples, que vivia do que a terra e o Tera lhes dava! Com extrema atenção foram passeando pela aldeia, colocando várias perguntas ao autor do blogue e calmamente, apreciando as paisagens rurais de uma enorme beleza contrastando com a agrura dos picos graníticos do imponente cañon do Tera.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que resta da igreja de Ribadelago.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Campanário da igreja de Ribadelago Viejo trasladado para Ribadelago Nuevo.
 
 
Era hora de partir...deixar entregue a si a às suas dores esta aldeia mítica, prestar a este povo as devidas homenagens e enfim, depois, seguir viagem!
 
Que a memória daqueles homens, mulheres e crianças, perdidos para sempre muito por causa da ganância humana, nunca se perca, sempre se recorde!
 
O colosso avançou em direcção a Puebla de Sanabria, o encantado mundo branco caminhava para o seu final...
 
continua...

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

(Des)ENCANTADO MUNDO BRANCO - A VIAGEM - 3.ª Parte.

continuação...
 
 
Chaves, a romana Aquae Flaviae, terra de termas e de saudáveis águas minerais, havia já ficado para trás, com ela ficava também todo o seu legado histórico que a humanos olhos se perfila, sempre que um viajante a visita. O colosso, conduzido pelo Sr. Pedro Silva, apontava a frente para terras espanholas, estava agora rolando sobre as belas estradas da raia, passando por Vila Verde da Raia para em breve atravessar a fronteira e entrar definitivamente por terras de nuestros hermanos.
 
E se por Chaves, o viajante mais atento se apercebe de que está inserido no centro de um imenso vale, mal cruza a linha imaginária que divide os dois países, logo ali tem a noção que a paisagem muda drasticamente e os grandes afloramentos montanhosos começam a surgir perante o olhar. A mesma paisagem mudando, adquire ao mesmíssimo tempo contornos de espectacularidade! O viajante sente-se pequeno, as montanhas mostram-se gigantescas...
 
O autor do blogue, instalado no banco destinado ao guia, deliciado se começou a sentir perante as maravilhas naturais que desfilavam pelo seu olhar à passagem pelas mesmas do colosso de dois andares. Dali a Sanabria seriam cerca de cinquenta minutos de saborosa viagem, onde a Autoestrada de las Rias Baixas vai languidamente serpenteando por entre colinas, montanhas e vales, ao longe um ou outro pequeno povoado, perdido algures nestes montes de singular beleza!
 
 
 
Deixando Portugal para trás...
 
 
 
Mudança de cenário...Espanha!
 
 
 
As primeiras grandes cadeias montanhosas surgiam no horizonte...
 
 
A internacionalização das viagens temáticas organizadas pelo SSVSA estava feita e daqui em diante, Espanha não será jamais um obstáculo, passará antes sim, a ser um complemento daquilo que de belo Portugal tem para oferecer em termos paisagísticos, ao viajante que o explora, de mãos dadas com a vizinha irmã, onde uma pequena pernada poderá sempre ser feita, complementando as belas paisagens que se vêem em território luso, com as não menos belas que se vêem em território castelhano. Ganha em riqueza a viagem, agradecem os enriquecidos viajantes, por provarem de tal experiência!
 
O autor do blogue sentia-se bem, apesar do contratempo matinal, sentia-se bem...
 
O colosso avançava e passados uns dez minutos de condução sobre estradas de relativo bom piso, entre curvas e rectas de profundo prazer, os picos montanhosos mais altos surgiam ao olhar deste grupo de viajantes, pejados de puro branco, que mesmo com a temperatura algo elevada para a época que se vive, o Inverno, mantinham aquela cobertura de pura cor e que era mote para esta viagem, o branco de neve...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Gudiña ficava também para trás, os quilómetros sucediam-se, conhecido poiso de descanso para os homens que vivem da estrada, onde centenas de motoristas de camião, pernoitam em descansos a que por lei estão obrigados; terra onde impera o granito e que faz ligação por estrada, a uma das mais belas localidades que por estas bandas ocorrem, Viana do Bolo, a qual, o autor do blogue, aqui deixa recomendada ao amigo leitor, uma merecedora visita, tal a beleza da cidade localizada entre grandes lagos artificiais formados por um sistema de retenção de águas dos rios que desaguam no rio Tera.
À passagem do túnel que liga as terras de A Gudiña às terras de Puebla de Sanabria,  como quase por magia, descendo para um imenso vale, o clima mudou drasticamente e o Sol, com temperaturas amenas para a época, brilhava no céu; mau agoiro para o organizador deste evento que vinha em demanda, para além de novas paisagens e de novos povoados, vinha também em demanda de neve, o que se viria a revelar tristemente negativo, pois por Sanabria, com excepção dos picos mais altos,  a neve tinha toda derretido...o encantado mundo branco começava cada vez mais a tornar-se no desencantado mundo branco...!
 
Puebla de Sanabria ali estava impávida e serena no alto do promontório que a acolhe, mostrando-se bela e luminosa aos viajantes que a ela chegavam, banhada por um belíssimo sol de inverno, tristemente, para o autor do blogue, que desta vez desejava mau tempo, ou pelo menos, menos bom, e assim neve, nem vê-la!
 
 
Prenúncio de mau agoiro para o organizador! Bom tempo...
 
 
Puebla de Sanabria. Em português - Póvoa de Seabra.
 
 
 
Antes da estruturada no programa, visita a Sanabria, o colosso dirigiu-se para outro dos pontos míticos desta região, o maior lago de origem glaciar da Europa, criado e servido pelo degelo das grandes línguas de gelo que há 100.000 anos atrás cobriam toda esta vasta região, juntando-se num lago com 3.5km de comprimento por 1.5km de largura e com uma profundidade máxima de 53m. Se esta vasta região, do mar se encontra afastada e o clima no Inverno é rigoroso, na Primavera e Verão tudo muda, com enchentes de veraneantes, turistas e residentes também, que por aqui passam dias de pura calma em gozo de férias e deste lago fazem, o seu ansiado mar. Para tal, basta para isso comprovar a existência de nas proximidades das praias fluviais que ocorrem no lago, funcionarem quatro grandes parques de campismo, servidos por alguns edifícios de apoio, prestando serviços de restauração e comércio. Se no Inverno esta zona se pauta pelo sossego e desertificação, no Verão ganha uma imensa vida, procurada por milhares de turistas em busca do mítico lago, em busca de calma, sossego e paz...
 
O grupo que agora lhe chegava vinha de Portugal e quando o colosso, após cerca de 00.15m de estrada repleta de curvas e contra curvas se deteve, os viajantes todos eles lanhesenses, puderam por longos minutos e calmamente, apreciar a beleza da paisagem, com as águas do lago fustigados por uma brisa fresca, aliás muito fresca, e veladas pelo picos montanhosos cobertos de neve da cadeia montanhosa da Sierra de la Cabrera que as circundam na sua quase totalidade. O cenário que desfila perante o olhar do viajante que se detém em frente a este lago é soberbo, com os altos e escarpados picos das montanhas cobertas de branco reflectindo-se nas cristalinidade das águas do lago.
 
 
 
Estrada de acesso ao Lago de Sanabria.
Aqui, para os amantes de árvores, como o autor do blogue, ocorre um dos maiores carvalhais do mundo!!!
 
 
Por momentos e só, abstraindo-se de tudo e de todos, o autor do blogue absorveu toda a magia que aquela paisagem lhe transmitia; uma ode à natureza, onde tão e somente a natureza é rainha...Ali nada mais importa, ali, a alma sossega e se alma sossega sossegado fica desassossegado coração!
 
Era tempo de deixar os pensamentos para trás, setenta e um lanhesenses precisavam que lhes fosse apresentado o espaço e ali o foi. O autor do blogue a estas belas paragens voltará sozinho...sem explicações, sem conversas, um simples sentar junto às águas do lago, molhar os pés em crsitalinas águas, acompanhado da sua metade da laranja e fitar o horizonte, absorver toda esta magia...sentir-se vivo, sentir-se natureza!
 
 

 
 
 
 
 
 
Cruzeiro no lago, barco movido única e exclusivamente a energia eólica e solar. Combustíveis aqui = a zero!!!
 
 
 
Tremenda beleza! Para perdurar na memória...
 
 
 
Frrrriiiiiooooo...
 
 
Belas lanhesenses em tierras de nuestros hermanos...
 
 
Junto ao grande lago, mais parecia esta zona Portugal, ao invés de Espanha, tal a algazarra provocada por um coro de afinadas vozes portuguesas visitando estas paragens, com somente meia-dúzia de espanhóis timidamente manifestando e explorando as belezas destas paragens!
 
Caso para ser escrito, em Sanabria, Portugal conquistou a Espanha!
 
Visita feita, visita terminada, nova voltinha de apenas quatro quilómetros sentido norte, para este grupo se embrenhar nas fragas e picos rochosos da Sierra de La Cabrera. Ribadelago e a tragédia que ali ocorreu em 1959, seriam o novo tema de visita, na opinião do autor do blogue, ao delinear o trajecto deste Encantado Mundo Branco, como um dos pontos mais importantes de visita!
 
A aldeia, sofrida, esperava este grupo de viajantes...
 
continua...