terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sugestão de leitura - "Quando Lisboa tremeu".

Estamos em pleno mês de Novembro e trago ao blogue uma sugestão de leitura que trata um dos acontecimentos mais extraordinários e  cataclisticos de que há memória terem acontecido neste país, precisamente, neste mês com a dolorosa ou não, coincidência, de ter acontecido em dia Santo, aos olhos da Igreja Católica!

Como todos saberão, ou quase todos, a 1 de Novembro de 1755, dia de Todos os Santos; as igrejas, apanágio desse dia, estavam penhadas de gente a ouvir e a participar da Eucaristia; quando violentamente a terra começou a tremer na nossa capital, Lisboa. A tragédia estava a iniciar-se e rapidamente as casas, igrejas, conventos, palácios, palacetes e demais edifícios se começaram a desmoronar. Estava a ocorrer aquele que por ventura terá sido o maior terramoto jamais sentido na Europa, em muitos séculos e um dos mais violentos a nível mundial.

Domingos Amaral, filho de Diogo Freitas do Amaral, formado em economia mas, exercendo profissão ligado à área do Jornalismo, descreve neste livro, muito romanceado, aquele foi o dia de Todos os Santos de 1755 e com mestria, através daquilo que vai acontecendo a cinco personagens, cujas vidas se cruzam nesse dia, nos mostra toda a catástrofe que foi a destruição da cidade de LISBOA, pela violência da terra a tremer, dos tsunamis e dos vários incêndios que deflagraram na capital do então Reino de Portugal.


Escrito, por D. Amaral, numa linguagem simples e aproveitando o personagem do pirata Santamaria, rico em histórias burlescas e muito peculiares, o leitor fica logo cativado pelo desenrolar da narrativa e devorar o livro, é uma questão de horas ou de poucos dias, consoante o apetite do leitor (eu li-o em dois dias). Há lugar na trama, para relatos fantásticos da devastação provocada pelo terramoto, pelos tsunamis, das atrocidades cometidas pelo ser humano, quando confrontado com situações limite, das pilhagens, roubos, mortes, violência e há lugar até para descrições fantásticas da personagem (verídica e uma das mais representativas e fenomenais da época), Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras, mais conhecido como Marquês de Pombal, que nos é mostrado com todo o pragmatismo que se lhe conheceu, ao lidar com tamanha tragédia. Ficou célebre a sua frase, quando confrontando os Bispos e clérigos que afirmavam que o terramoto era uma mostra da ira de Deus, ao responder: - Estranha ira esta, não acham? Isto acontecer neste dia e todas as igrejas e conventos de Lisboa terem desmoronado com crentes dentro e os prostíbulos não terem ruído, nem sequer um!- .

Um livro muito bom, a meu ver, com uma narrativa fantástica que nos cativa do primeiro ao último capítulo, com descrições deliciosas, e enredos dramáticos, que ajuda a reflectir um pouco mais acerca da tragédia ocorrida em Novembro de 1755 e à qual, não estamos certamente, imunes...

Boas leituras!


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