segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Uma sábia decisão...

Vasco Graça Moura dispensa apresentações; advogado, político e escritor brilhante, agraciado com os mais diversos e ilustres prémios decorrentes da sua carreira na escrita, foi agora estes dias nomeado como director do CCB (Centro Cultural de Belém) pese a controvérsia da sua nomeação, substituindo outro grande jornalista e escritor, António Mega Ferreira.

Todos sabemos que o AO (Acordo Ortográfico) está aí para muito mudar na nossa escrita e na forma como a redigimos, ou passaremos a redigir e, no seguimento deste pensamento tenho de obrigatóriamente referir Vasco Graça Moura, que sempre foi um dos notáveis e mais críticos a este pretenso acordo, que desvirtua totalmente a forma de escrever, portuguesa.

A sua primeira grande acção enquanto Director do CCB foi precisamente a de dar ordem de suspensão da adopção da escrita segundo o referido acordo na referida instituição, sob o pretexto (muito bem fundamentado) de que Angola e Moçambique ainda não ratificaram o acordo. Portanto o mesmo se reveste de forte inconstitucionalidade!

Outro argumento, o qual partilho em opinião, é o de que este pretenso acordo serve somente interesses económicos, geopolíticos e empresariais brasileiros, ignorando na totalidade o direito inalienável de todos os demais falantes de português no mundo!

Não vou entrar em dissertações sobre o acordo ou  sobre o novo modo como iremos ter de escrever, nem tão pouco me cabe essa posição, posso no entanto deixar público, o meu repúdio por esta forma tão disparatada de "avacalhar" a nossa língua, a Portuguesa (perdoem-me a expressão rude), mas, não compreendo como uma "língua mãe" se tem de subordinar e adoptar usos de escrita por parte de uma língua sua decorrente! Arriscámos a ser num futuro próximo, dois países num só, os que escrevem sob a forma de português antigo e uma outra, as dos que aprendem e escrevem sob a forma do Novo Acordo Ortográfico!
Posso também dar um exemplo em comparação com o nosso! Uma das linguagens mais escritas no mundo actual é a que recorre ao alfabeto cirílico. Usado por milhões de habitantes na Rússia e em outros países europeus, tais como a Ucrânia, a Bielorússia, a Bulgária, entre outros que poderia aqui referir. Agora imaginem por pressões por parte da Ucrânia, por exemplo ou de outro qualquer, a Rússia se tinha de sujeitar a mudar a forma como usa a sua escrita adaptando-a à ucraniana! Tenho certas dúvidas que esse país imenso se comportasse de modo tão retrógrado! Aliás. não tenho dúvidas nenhumas, tenho toda a certeza de que a Rússia não vacilaria em tomar semelhante decisão! Não! Portanto, a forma como nós portugueses nos deveríamos comportar e dar razão a toda a nossa rica história que demorou séculos a compor, seria a de não aceitar este acordo e considerar a nossa língua como vinculativa! Nunca adoptante! Nós demos a língua, não a importamos nem tão pouco nos foi incutida! É um exemplo plausível!
Notável a decisão de VGM (é a minha opinião), a qual o Governo vigente não condenou e publicamente apoiou. Esperemos que com este passo, se possa encetar uma caminhada no sentido de se alcançar a extinção deste acordo que para a nossa língua é no mínimo, bárbaro...

Eu, tal como um amigo e bloguista lanhesense, continuarei a escrever português de acordo com a forma como me ensinaram na escola primária, numa época em que ainda lá ia um professor ensinar-nos o Hino Nacional...outros tempos em que outros valores mais altos se elevavam...


Vasco Graça Moura, notável, uma vez mais!





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